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PROGRAMA DE INDIO

05/09/2011


As Eleitas, os Eleitos
Professora explica vantagens de homens sobre mulheres em eleições

Durante o seminário internacional As Eleitas, os Eleitos, na manhã desta segunda-feira (5/09), a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em sociologia, Clara Araújo, explicou e apresentou alguns dados que justificam as vantagens que os homens ainda possuem em relação às mulheres no sistema político brasileiro. De acordo com Clara, as explicações se baseiam majoritariamente no caráter multidimensional das condições sociais, culturais, econômicas, institucionais e históricas da formação da sociedade brasileira.

“As mulheres em geral se elegem menos que os homens e, no Brasil, isto está muito evidente. O gênero recorta os aspectos que envolvem a representação política e pública”, disse, reafirmando que durante décadas as mulheres sofreram a negação de seus direitos políticos. “Só a partir de 1994 é que o Brasil foi garantir, por exemplo, as cotas para que as mulheres pudessem ser representadas nos seus partidos. Hoje, cerca de 30% das candidaturas partidárias devem ser destinadas às mulheres”, explicou.

Conforme argumentou Clara, existem estudos que comprovam que investimentos em ações afirmativas e igualitárias de gênero ajudam as mulheres a ocuparem mais espaços na esfera pública e na política.

Legislativo

No Brasil, cerca de 70% da população votou em mulheres para presidente da República no ano passado, mas isso não se refletiu nas eleições parlamentares. Segundo a professora, nos Legislativos em geral, os homens ainda dominam o sistema. Segundo dados de 2010, na Câmara dos Deputados, as mulheres representam cerca de 19% das candidaturas. “Houve uma evolução desde 1994, quando as mulheres representavam apenas 6% das candidaturas”, afirmou.

Para Clara, no entanto, os homens eleitos representam número quase duas vezes maior que o de mulheres. A exceção à regra, conforme estudos feitos por ela, é o Senado Federal, onde as mulheres têm mais sucesso em relação ao universo de candidaturas. “Pois lá estão os perfis femininos mais consolidados dos partidos e que possuem uma taxa de competitividade muito elevada”.

Resistência familiar

Entre as razões que explicam a menor presença das mulheres nas candidaturas partidárias está a resistência familiar em aceitar a entrada da figura feminina nas eleições. “A família pode operar tanto como estímulo para ingresso das pessoas na política quanto para impedir sua presença”, explicou Clara. Segundo a professora, cerca de 38% das mulheres sofrem resistência da família, sendo que 22% desse total dizem respeito a pressões advindas dos cônjuges. “Apenas 4% dos cônjuges resistem às candidaturas dos homens”, afirmou.

Cerca de 55% das mulheres candidatas disseram que a motivação para entrar na política se resume a um projeto pessoal, enquanto que 35% dos homens defendem isso. "A maioria dos homens justifica sua candidatura pela militância partidária. As mulheres possuem uma militância nas esferas políticas muito menor do que a dos homens. Os sindicatos, por exemplo, possuem traços majoritariamente masculinos”, afirmou, ao argumentar que as condições financeiras também são desvantajosas para as mulheres. “Os financiamentos de campanha são conseguidos de maneira mais eficaz por parte dos homens.”

De acordo com Clara, há um forte favorecimento dos homens, na política, justificado principalmente pelo fator histórico. "As mulheres estão avançando e conquistando espaços públicos, mas é inegável a presença masculina forte e consolidada. Ainda é preciso avançar mais", avaliou.

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

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