Fisl14 relaciona cultura de software livre com agroeconomia e política
A discussão “Copyfight: muito além do download grátis” marcou o início
da 14ª edição do FISL – Fórum Internacional do Software Livre. O debate
reflete questões sociais, como a mudança do processo de trabalho e,
inclusive, a produção de alimentos. O objetivo do encontro é mostrar que
a cultura livre não se restringe a software livre e código aberto e
explicar, por exemplo, porque o pequeno agricultor pode ter tudo a ver
com o site The Pirate Bay.
A ativista do movimento agroecológico e autora do artigo "Sementes e comunidades copylefts", que está no livro Copyfight, Tadzia de Oliva Maya, relacionou as ações de hackers e ambientalistas e incentivou uma prática ainda mais intensa na mudança do cenário atual. “Lutar somente pelo consumo de alimentos orgânicos, por exemplo, sem estudar a procedência, se tem alguém sendo explorador por isso, é como incentivar a inclusão digital usando a Microsoft”, brincou. Para ela, a agroecologia é um movimento social como software livre. Segundo Tadzia, "Os ambientalistas também querem o código aberto, o da semente”.
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A colaboração dos hackers nos processos sociais foi muito ressaltada e vista como essencial em um processo de mudança. Quanto mais essas pessoas participarem, por exemplo, dos encontros agroecológicos, mais vão poder entender e colaborar com todo um novo sistema. “Os softwares e os programas vão ter mais a cara do usuário quando os produtores e os receptores transitarem no mesmo espaço”, disse Tadzia Maya.
Mesa de discussão do "Copyfight: muito além do download grátis" (Foto: Reprodução/ Fisl14)
Muitos leitores devem estar acostumados a debater cultura livre e
buscar alternativas para o copyright em questões relacionadas à
internet. Na discussão “Copyfight” – que foi uma das atividades do
Festival de Cultura Livre, organizado pelo Fisl14 em parceria com
iniciativas de cultura popular de Porto Alegre - direito autoral,
compartilhamento e pirataria foram abordados. Porém, a discussão foi
além e chegou em diversos núcleos da sociedade, inclusive a setores
primários como a agricultura e os povos indígenas.A ativista do movimento agroecológico e autora do artigo "Sementes e comunidades copylefts", que está no livro Copyfight, Tadzia de Oliva Maya, relacionou as ações de hackers e ambientalistas e incentivou uma prática ainda mais intensa na mudança do cenário atual. “Lutar somente pelo consumo de alimentos orgânicos, por exemplo, sem estudar a procedência, se tem alguém sendo explorador por isso, é como incentivar a inclusão digital usando a Microsoft”, brincou. Para ela, a agroecologia é um movimento social como software livre. Segundo Tadzia, "Os ambientalistas também querem o código aberto, o da semente”.
Tadzia de Oliva Maya fala sobre código aberto e a relação com a agroecologia (Foto: Reprodução/ Fisl14)
Um dos autores do livro tema do debate, Bruno Tarin, citou a direta
ligação da cultura livre ao “empreendedorismo”, à “capacidade criativa” e
ao “valor agregado” no produto final. Para ele, o movimento iniciado no
Software Livre está provocando uma mudança no processo de trabalho da
sociedade atual. “O que os nossos avós entendiam como trabalho é muito
diferente do que fazemos hoje”, diz. Isso é resultado de uma luta
política que quer transformar as práticas através do uso da tecnologia.
De acordo com Tarin, para os hackers isso já é batido, mas para a grande
parcela da população é totalmente atual. No entanto, para ele "pensar a
cultura livre como um repositório de conteúdo é insuficiente. Devemos
nos colocar do lado do trabalhador e mudar essa lógica”.Quer saber mais sobre software livre? Acesse o Fórum do TechTudo!
A colaboração dos hackers nos processos sociais foi muito ressaltada e vista como essencial em um processo de mudança. Quanto mais essas pessoas participarem, por exemplo, dos encontros agroecológicos, mais vão poder entender e colaborar com todo um novo sistema. “Os softwares e os programas vão ter mais a cara do usuário quando os produtores e os receptores transitarem no mesmo espaço”, disse Tadzia Maya.
Copyfight mostra que a cultura livre vai muito além da internet (Foto: Reprodução/ Fisl14)
Adriano Belisário, também autor de “Copyfight, pirataria e cultura
livre”, contou que o livro teve justamente essa intenção de extrapolar
as discussões técnicas, que são importantes, mas tentar aprofundar o
debate político. Belisário explica que a propriedade intelectual é um
dispositivo de monopólio, e que por isso as patentes da indústria
alimentícia são problemáticas, e afirma como importante não restringir o
debate somente à cultura livre na internet.
saiba mais
A fala de Tadzia Maya, que conduziu o debate, deixou o cofundador do
The Pirate Bay, Tobias Andersson, impressionado. “Tudo isso que estamos
falando aqui eu converso com meus amigos lá na Suécia. Vivemos um
momento muito interessante e devemos seguir avançando”, incentivou
Andersson. Seguindo a linha entusiasta, Maya finalizou: “Devemos nos
incomodar com as nossas sementes que se multiplicam e nossos softwares
livres que se copiam, para quem de comida e conhecimentos tem fome”.
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