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PROGRAMA DE INDIO

04/07/2013

Fisl14 relaciona cultura de software livre com agroeconomia e política

Fisl14 relaciona cultura de software livre com agroeconomia e política

Douglas Freitas Para o TechTudo
A discussão “Copyfight: muito além do download grátis” marcou o início da 14ª edição do FISL – Fórum Internacional do Software Livre. O debate reflete questões sociais, como a mudança do processo de trabalho e, inclusive, a produção de alimentos. O objetivo do encontro é mostrar que a cultura livre não se restringe a software livre e código aberto e explicar, por exemplo, porque o pequeno agricultor pode ter tudo a ver com o site The Pirate Bay.
CopyfightMesa de discussão do "Copyfight: muito além do download grátis" (Foto: Reprodução/ Fisl14)
Muitos leitores devem estar acostumados a debater cultura livre e buscar alternativas para o copyright em questões relacionadas à internet. Na discussão “Copyfight” – que foi uma das atividades do Festival de Cultura Livre, organizado pelo Fisl14 em parceria com iniciativas de cultura popular de Porto Alegre - direito autoral, compartilhamento e pirataria foram abordados. Porém, a discussão foi além e chegou em diversos núcleos da sociedade, inclusive a setores primários como a agricultura e os povos indígenas.
A ativista do movimento agroecológico e autora do artigo "Sementes e comunidades copylefts", que está no livro Copyfight, Tadzia de Oliva Maya, relacionou as ações de hackers e ambientalistas e incentivou uma prática ainda mais intensa na mudança do cenário atual. “Lutar somente pelo consumo de alimentos orgânicos, por exemplo, sem estudar a procedência, se tem alguém sendo explorador por isso, é como incentivar a inclusão digital usando a Microsoft”, brincou. Para ela, a agroecologia é um movimento social como software livre. Segundo Tadzia, "Os ambientalistas também querem o código aberto, o da semente”.
CopyFight2Tadzia de Oliva Maya fala sobre código aberto e a relação com a agroecologia (Foto: Reprodução/ Fisl14)
Um dos autores do livro tema do debate, Bruno Tarin, citou a direta ligação da cultura livre ao “empreendedorismo”, à “capacidade criativa” e ao “valor agregado” no produto final. Para ele, o movimento iniciado no Software Livre está provocando uma mudança no processo de trabalho da sociedade atual. “O que os nossos avós entendiam como trabalho é muito diferente do que fazemos hoje”, diz. Isso é resultado de uma luta política que quer transformar as práticas através do uso da tecnologia. De acordo com Tarin, para os hackers isso já é batido, mas para a grande parcela da população é totalmente atual. No entanto, para ele "pensar a cultura livre como um repositório de conteúdo é insuficiente. Devemos nos colocar do lado do trabalhador e mudar essa lógica”.
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A colaboração dos hackers nos processos sociais foi muito ressaltada e vista como essencial em um processo de mudança. Quanto mais essas pessoas participarem, por exemplo, dos encontros agroecológicos, mais vão poder entender e colaborar com todo um novo sistema. “Os softwares e os programas vão ter mais a cara do usuário quando os produtores e os receptores transitarem no mesmo espaço”, disse Tadzia Maya.
copyfight_2Copyfight mostra que a cultura livre vai muito além da internet (Foto: Reprodução/ Fisl14)
Adriano Belisário, também autor de “Copyfight, pirataria e cultura livre”, contou que o livro teve justamente essa intenção de extrapolar as discussões técnicas, que são importantes, mas tentar aprofundar o debate político. Belisário explica que a propriedade intelectual é um dispositivo de monopólio, e que por isso as patentes da indústria alimentícia são problemáticas, e afirma como importante não restringir o debate somente à cultura livre na internet.
A fala de Tadzia Maya, que conduziu o debate, deixou o cofundador do The Pirate Bay, Tobias Andersson, impressionado. “Tudo isso que estamos falando aqui eu converso com meus amigos lá na Suécia. Vivemos um momento muito interessante e devemos seguir avançando”, incentivou Andersson. Seguindo a linha entusiasta, Maya finalizou: “Devemos nos incomodar com as nossas sementes que se multiplicam e nossos softwares livres que se copiam, para quem de comida e conhecimentos tem fome”.

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